Spoilers


Assassinato na casa do Pastor:
18:20 – Foi achado o bilhete ao lado do corpo do coronel. (O bilhete dizia 6:20. Não posso esperar mais...).
18:22 – O relógio “caiu e quebrou marcando a hora do crime”.
18:05 – A hora em que o coronel “escreveu” o bilhete, já que o relógio era adiantado 15 minutos.

Suspeitos Iniciais
Anne Protheroe – Tinha um amante e não morria de amores pelo marido. Dizia que era infeliz com ele;
Lawrence Redding – Era o amante de Anne e tinha brigado com o velho;
Lettice Protheroe – “Odiava” o pai e confessa já ter pensado em mata – lo para poder viver a vida;
Sra. Lestrange – A mulher misteriosa que visitou o coronel um dia antes do crime.

Acontecimentos
  1. O Pastor recebe uma chamada falsa, supostamente feita para tirá – lo de cena;
  2. Um tiro no bosque foi escutado por Miss Marple e Mary (a empregada do Pastor);
  3. A arma usada no crime era uma Mauser calibre 25 (a mesma arma que Lawrence tinha);
  4. Lawrence “confessa” ter matado o coronel, pois ele acha que Anne quem o matou;
  5. Anne, após descobrir o que Lawrence fez, “confessa” ter matado o marido com a arma dele, mas o criado de quarto do coronel nega que ele tinha uma arma;
  6. Mary não tem certeza do horário do tiro no bosque, porque o despertador atrasa ¾ de hora, mas foi entre 10 e 15 (talvez 20) minutos antes de Lawrence ir visitar o Pastor;
  7. Mary não gostava do coronel, por ele ter prendido Archer, seu namorado, por roubo de caça. O que faz dela também uma suspeita (endossando isso, tem o fato de ela estar só em casa quando o coronel foi morto);
  8. Miss Marple desconfia do bilhete, já que Mary já havia dito ao coronel que o Pastor só ia chegar às 18:30, ou seja, ele estava disposto a esperar, o que não explica o bilhete às 18:20 dizendo que não podia mais esperar;
  9. Griselda supõe que alguém tem feito com que todas as provas incriminassem Anne;
  10. Dennis achou fósforos queimados perto do portão da residência;
  11. Price Ridley recebe um telefonema “ameaçador”;
  12. Hawes fica estranho depois do crime, e tenta insinuar que Archer era o culpado;
  13. A ligação feita à Sra. Price Ridley foi feita do cottage de Lawrence;
  14. O Pastor acha um brinco “com lazurita azul e rodeada de pequenas pérolas”, no local do crime;
  15. Uma empregada conta a Lawrence, que a Sra. Lestrange e o coronel discutiram, e ela afirma que a Sra. Lestrange diz “A essa hora amanhã você pode estar morto”;
  16. Segundo Raymond (sobrinho de Miss Marple), o “dr. Stone” que todos na aldeia conhecem é um impostor;
  17. O brinco encontrado pelo Pastor era de Anne e foi colocado lá por Lettice;
  18. O pastor recebe 4 castas. 3 delas eram de Price Ridley, Carolina Wetherby e Amanda Hartnell, e uma  4ª era anônima e dizia que Griselda foi vista saindo do cottage de Lawrence;
  19. O Pastor recebe um telefonema de alguém querendo confessar e acha que reconheceu a voz;
  20. Hawes escreve uma carta confessando algo e “se dopa”. Dr. Haydock diz que vai depor alegando que Hawes não tem controle sobre os atos;
  21. E no final, a maravilhosa Miss Marple descobre tudo:

“— Esta é a minha explicação dos fatos. Na quinta-feira à tarde o crime já tinha sido completamente planejado, até o mínimo detalhe. Lawrence Redding foi visitar o pastor, sabendo que ele não estava. Levava consigo a pistola, que escondeu naquele vaso perto da janela. Quando o pastor chegou, Lawrence explicou sua visita dizendo que tinha resolvido ir embora. Às cinco e meia, Lawrence Redding telefonou da porteira norte para o pastor, imitando uma voz de mulher (lembrem se de que era ótimo ator amador).
Continuou.
— A sra. Protheroe e o marido tinham acabado de sair para ir à aldeia. E, o que é curioso (embora ninguém tivesse notado), a sra. Protheroe não levou uma bolsa. É realmente uma coisa muito rara uma mulher sair sem bolsa. Um pouquinho antes das seis e vinte, passa pelo meu jardim, pára e fala comigo, para me dar plena oportunidade de notar que não traz nenhuma arma consigo e também que está em seu estado normal. Eles compreendem, sabe, que sou o tipo de pessoa que nota tudo. Ela desaparece no canto da casa, indo para a janela do escritório. O pobre coronel está sentado à secretária, escrevendo uma carta para o senhor. É surdo, como todos sabem. Ela tira a pistola do vaso, que estava lá à sua espera, chega por trás do marido e dá-lhe um tiro na cabeça, joga a pistola no chão e sai de novo como um relâmpago, atravessando o jardim em direção ao estúdio. Quase todo mundo juraria que não teria tido tempo!
— Mas o tiro — observou o coronel. — A senhora não ouviu o
tiro?
— Existe, creio, uma invenção chamada silenciador Maxim. Isto
deduzi de romances policiais. Não será possível que o espirro que a
empregada, Clara, ouviu fosse realmente o tiro? Mas não importa. A
sra. Protheroe se encontra no estúdio com o sr. Redding. Estando lá
dentro juntos e a natureza humana sendo como é, creio que deduziram
que eu não sairia do jardim enquanto não deixassem o estúdio!
(...)
— Quando finalmente saem, seu comportamento é alegre e
natural. E aí, realmente, cometem um erro. Porque se realmente
tivessem se despedido um do outro, como queriam que acreditássemos,
teriam um aspecto muito diferente. Mas, compreendem, esse foi o seu
ponto fraco. Não ousavam parecer perturbados de maneira alguma. Nos
dez minutos seguintes, tiveram o cuidado de se munir do que se chama
um álibi, creio. Finalmente, o sr. Redding vai para a casa do pastor e
fica lá o máximo possível. Provavelmente viu o senhor de longe, no
caminho, e pôde calcular tudo muito bem. Pega a pistola e o
silenciador, deixa a carta forjada com a hora escrita em tinta diferente
e, aparentemente, em letra diferente. Quando descobrissem a falsificação,
pareceria uma tentativa inábil de incriminar Anne Protheroe.
— Mas quando ele deixa a carta, encontra a que foi realmente
escrita pelo coronel Protheroe, o que era inesperado. E como é um rapaz
muito inteligente, vendo que essa carta pode ser-lhe útil, leva-a consigo.
Muda os ponteiros do relógio para a mesma hora da carta, sabendo que
o relógio está sempre adiantado um quarto de hora. A mesma idéia:
uma tentativa de fazer recaírem as suspeitas sobre a sra. Protheroe.
Então sai, encontrando-se com o senhor no lado de fora do portão e
representando o papel de alguém que está fora de si. Como disse, é
realmente muito inteligente. O que faria um assassino que tivesse
acabado de cometer um crime? Agiria com toda a naturalidade.
Portanto, é exatamente isso o que o sr. Redding não faz. Ele se livra do
silenciador, mas entra na delegacia com a pistola e faz uma autoacusação
perfeitamente ridícula que engana todo mundo.
— E o tiro que foi ouvido no bosque? — perguntei. — Foi essa a
coincidência a que a senhora se referiu hoje?
— Oh, Deus, não! — Miss Marple sacudiu a cabeça
vigorosamente. — Isso não foi coincidência, longe disso. Era
absolutamente necessário que ouvissem um tiro, senão continuariam a
suspeitar da sra. Protheroe. Não sei bem como o sr. Redding arranjou
isso. Mas sei que o ácido pícrico explode se se deixar cair um peso sobre
ele, e o senhor deve se lembrar, caro pastor, que encontrou o sr.
Redding carregando uma pedra grande exatamente no local do bosque
onde encontrou aquele vidro mais tarde. Os homens são bastante
hábeis em arranjar essas coisas... a pedra suspensa acima dos cristais
e um fuso de tempo, ou um fósforo retardado? Alguma coisa que levasse
uns vinte minutos para queimar, para que a explosão se desse por volta
das seis e trinta, quando ele e a sra. Protheroe teriam já saído do
estúdio e estariam à vista de todos. Uma coisa muito engenhosa, pois o
que é que se encontraria depois? Só uma grande pedra! E mesmo isso
ele tentou remover, quando o senhor o encontrou.
— Acho que está certa! — exclamei, lembrando-me do
estremecimento de surpresa de Lawrence quando me viu naquele dia.
Pareceu natural naquele momento, mas agora...
Miss Marple pareceu ler meus pensamentos, pois balançou a
cabeça afirmativamente.
— Sim — disse ela —, deve ter sido uma surpresa muito
desagradável para ele encontrar o senhor àquela hora. Mas se saiu
muito bem, fingindo que era para mim, para meu jardim. Só que —
Miss Marple foi subitamente muito enfática — era um tipo de pedra que
absolutamente não serve para jardins! E isso me pôs na pista certa!
Todo esse tempo o coronel Melchett ficara sentado como um
homem em transe. Então mostrou sinais de reviver. Bufou uma vez ou
duas, assoou o nariz e disse, meio confuso:
— Macacos me mordam! Ora essa, macacos me mordam!
Fora isso, nada mais disse. Acho que ele, assim como eu, estava
impressionado com a lógica das conclusões de Miss Marple. Mas, por
enquanto, não estava pronto a admiti-lo.
Em vez disso, estendeu a mão, pegou a carta amassada e
grunhiu:
— Tudo muito bem. Mas como explica esse camarada Hawes?
Ora, ele chegou a telefonar e confessar.
— Sim, e isso foi muito providencial. Sem dúvida, por causa do
sermão do pastor. Sabe, sr. Clement, o senhor realmente fez um sermão
extraordinário. Deve ter afetado o sr. Hawes profundamente. Não pôde
agüentar mais, sentiu que tinha de confessar... que se apropriara dos
fundos da igreja.
— Quê!
— Sim, e isso, pela providência divina, foi o que lhe salvou a vida.
(Espero e confio em que esteja salvo. O dr. Haydock é ótimo.) Como vejo
as coisas, o sr. Redding guardou esta carta (muito arriscado, mas
imagino que a escondeu em lugar seguro) e esperou até ter certeza da
pessoa a quem ela se referia. Logo certificou-se de que era o sr. Hawes.
Soube que veio aqui ontem à noite com o sr. Hawes e ficou algum
tempo. Desconfio que foi então que substituiu uma cápsula do sr.
Hawes por uma sua e enfiou essa carta no bolso do roupão dele. O
pobre rapaz tomaria a cápsula fatal com toda a inocência. Depois de
sua morte, suas coisas seriam revistadas e a carta, encontrada, e todo
mundo ia tirar a conclusão de que ele havia assassinado o coronel
Protheroe e se suicidado por remorso. Imagino que o sr. Hawes
encontrou a carta hoje à noite, logo após tomar a cápsula fatal. Em seu
estado desordenado, deve ter parecido alguma coisa sobrenatural e,
abalado com o sermão do pastor, ele decidiu confessar tudo."
É grande, mas enfim, dá pra ter uma base da genialidade de Miss Marple.


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